quarta-feira, abril 19, 2006

Ambição e Sonhos



Meus sonhos
Minha ambição
Meu mundo imaginário
Às vezes sinto estar suspenso
Por um fio que vem não sei de onde
E me atravessa o ventre
Sem que dor eu sinta

Então
Nesse instante
Pareço estar na greta do universo
Espiando o mundo
Pelo buraco duma fechadura
Pois não há lugar para mim
Nesse mundo cativo

Uma sensação estranha
O peito apertado
Um nó na garganta
Um misto de náusea
E cócegas nas entranhas
Cortante, frio e fino vento...
Que atravessa o espaço e o tempo
Então
Naquele instante
O enlevo me levou
Para a margem de um precipício
Uma agulhada gélida
Na boca do estômago
Sem que dor eu sentisse
Espetou-me a alma

Vi uma pena
Despretensiosa e calma
Desprendida de um pássaro
Cujo canto era grito
E o grito, silêncio e espanto
Pois o encanto se perdera
Na frígida gaiola
Da vaidade frívola
Que pena!
Pássaro já não era

Num doce e raro momento
O vento sopra
Suave e lento
E dela
Da pena se apodera
Que surreal cena!
A pena se faz pássaro
Alça seu sólido vôo
Nas brancas asas
De um insólito sonho
Em direção ao escuro
Inóspito abismo do tempo

Nenhum comentário: