O bis da vida
É o bom da vida
O bom na vida
É o bem na vida
É o cessar do pranto
Estar sempre pronto
Pronto ou não
É o segundo prato
E em seguida
A rapa no fundo da panela
É mais um aceno da janela
Do lado de dentro do trem
Entre a dor e a espera
Da despedida na estação
E outro ... outro... outro...
É o outro
Do outro lado
É a partida
Que parte o coração
E a saudade que reparte
Em partes iguais
Pra quem fica
E pra quem vai
Uma metade chora
A outra se esvai
É o olhar depois do flerte
Depois do olhar, o sorriso
E na boca o beijo
Nos braços o abraço
O abrigo
É a pergunta sem resposta
A raiva de quem se ama
Que é raiva porque se ama
É o ódio e o perdão
O passo depois do outro
A lágrima da queda
Pois no caminho tinha uma pedra
Uma pedra detinha o caminho
O bis da vida
É a volta por cima
É estar em cima
Estar em baixo
Ou de lado
Mas sempre ao lado
De um grande amor
É a dor da cura
O moinho que mói
A pausa na cena que passa
O bis da vida
É a vida por um triz
O encontro solitário
Da personagem e da atriz
Diante dos olhos
Escondidos atrás do espelho
É o moço e o velho
A flor e a farpa
É a batida do samba
A batida do coração
O grito da torcida
Mesmo na rouquidão
É ler primeiro
A última página
O fim da chatice
Matar a curiosidade que mata
O bis da vida...
É o vento na vela
Do barco que leva
Boas novas que lavam
O pecado e acalmam
A tormenta da culpa
É a vela na escuridão
O eco que responde
Silenciando a solidão
Júlio Diniz
quarta-feira, abril 19, 2006
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