quarta-feira, abril 19, 2006

Quem sou eu?

Eu sou um pedaço de meu pai
Um pedaço de minha mãe
Sou também pedaços de meus irmãos
Um bocado dos amigos
Os da rua, os da escola
Os das escolhas
E os do acaso
Estilhaço de inimigos
Mas eu sou feito de ninguém
Eu sou feito de prazer, náusea e dor
Feito de pó
Luz e sombra
Água, alma e calor
Sou feito de barro
Vaso partido, alquebrado
Mas inteiro
Massa espremida entre os dedos
Sou mãos e pés
Expressão e pegadas
Sou minha própria caminhada
Minha busca desenfreada
Sou os lugares porque passei
Sou minhas lembranças
Sou uma taça de desejos
E um poço de incertezas
Sou o que todo mundo é
E se ninguém mais fosse
Eu continuaria sendo
Porque o que sou
É imagem e semelhança do EU SOU
Sou minha própria solidão
Sou o homem que deseja ser o menino
Que desejava ser o homem
Sou um casebre de 36 anos
E um suntuoso castelo
Que se desmorona em 36 segundos
Quando deixar de ser
Ainda serei
Quem sabe
Entre páginas e letras
Nas entrelinhas
Porque eu sou movimento
E minha consciência talvez
A unidade quântica
Mais imprecisa e indefinida
E por isso
angústia desesperadora
De tentar construir um “eu sou”

Júlio Diniz

2 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito !!! O que mais precisaria se dito ??? Parabéns !!
Beijos!!
Telma (SP). 09/01/07 21:23hs...

Michelle disse...

Maravilhoso!
Nunca vi ninguém falar com tanta perfeição e natureza de quem somos.
Meus parabéns fico muito feliz por você.