Eu sou um pedaço de meu pai
Um pedaço de minha mãe
Sou também pedaços de meus irmãos
Um bocado dos amigos
Os da rua, os da escola
Os das escolhas
E os do acaso
Estilhaço de inimigos
Mas eu sou feito de ninguém
Eu sou feito de prazer, náusea e dor
Feito de pó
Luz e sombra
Água, alma e calor
Sou feito de barro
Vaso partido, alquebrado
Mas inteiro
Massa espremida entre os dedos
Sou mãos e pés
Expressão e pegadas
Sou minha própria caminhada
Minha busca desenfreada
Sou os lugares porque passei
Sou minhas lembranças
Sou uma taça de desejos
E um poço de incertezas
Sou o que todo mundo é
E se ninguém mais fosse
Eu continuaria sendo
Porque o que sou
É imagem e semelhança do EU SOU
Sou minha própria solidão
Sou o homem que deseja ser o menino
Que desejava ser o homem
Sou um casebre de 36 anos
E um suntuoso castelo
Que se desmorona em 36 segundos
Quando deixar de ser
Ainda serei
Quem sabe
Entre páginas e letras
Nas entrelinhas
Porque eu sou movimento
E minha consciência talvez
A unidade quântica
Mais imprecisa e indefinida
E por isso
angústia desesperadora
De tentar construir um “eu sou”
Júlio Diniz
quarta-feira, abril 19, 2006
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2 comentários:
Perfeito !!! O que mais precisaria se dito ??? Parabéns !!
Beijos!!
Telma (SP). 09/01/07 21:23hs...
Maravilhoso!
Nunca vi ninguém falar com tanta perfeição e natureza de quem somos.
Meus parabéns fico muito feliz por você.
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